quinta-feira, 28 de agosto de 2008
escrever é vomitar...
Fartamente.
Depois vomite.
Pra mim, e isso pode ser muito pessoal, escrever é enfiar um dedo na garganta.
Depois, claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma.
Pode sair até uma flor.
Mas o momento decisivo é o dedo na garganta (...)" Karlinha
Li isto outro dia no blog da Karlinha e fiquei pensando...pensando...e conclui que é verdade. Mas é uma verdade que tenho evitado. Sei que tenho mto que dizer, mas estou com medo de "colocar o dedo na garganta". Vai doer...e deixar uma sensação amarga na boca... mas tbm sei que é a única forma de me tirar desse estado de mal-estar...
Só preciso de coragem...
planta carnívora...
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
eu sem você...
Samba
Eu
não sei nem porquê,
porque sem você,
não sei nem chorar,
sou chama sem luz,
jardim sem luar,
luar sem amor,
amor sem se dar.
E eu sem você,
sou só desamor,
sou barco sem mar,
sou campo sem flor,
tristeza que vai,
tristeza que vem,
sem você, meu amor,
eu não sou ninguém.
(Vinícius de Moraes )
poeisa ...
poesia
não enche barriga,
por isso, em matéria de barriga
prefiro um bom bife
ao molho Baudelaire
um espaguete ao Dante,
uma salada Leminski.
ah!
é claro
um vinho.
um bom e velho
vinho Borges
das caves misteriosas
onde os adventos
caminham de sandálias
macias
para não acordar os espíritos
e as válvulas Hidra
Paulo Salles - http://paulodesalles.blogspot.com/
domingo, 24 de agosto de 2008
um texto de Ghiovana...
Paciência - sem querer a esqueci, devo ter deixado na janela do meu quarto, enquanto observava o nada, e agora o vento levou...
Tomara que alguém que realmente precise ache, porque eu não tenho mais paciência alguma pra sair correndo a procura de uma fugitiva que se foi sem nem se despedir, foi só o vento lhe prometer liberdade pra ela me deixar.
Agora continuo na idéia de caminho que a maioria das pessoas tem da vida, parando, só de vez em quando nesses postos velhos de gasolina que há espalhados pelo mundo inteiro pra beber água, fazer xixi e comprar balas e daí sigo caminho rumo ao desconhecido.
Não tenho do que reclamar, tenho ainda uma companheira que não se deixa levar pela bela conversa do vento: a esperança - ta comigo sempre. E como conversa demais, não cansa de dizer que depois da curva deve ter algum lindo girassol.
Sei que na maior parte das vezes é conversa fiada, mas ela fala tão bem e chega a me convencer; com esse converseiro louco ela consegue animar a viagem que continua ora com carona ora a pé, ora com fortes chuvas ora com sol forte, ora feliz ora triste.
Quem sabe aonde posso chegar ao fim desse caminho?
Ghiovana da Rosa Machado Cruz ( minha filhota linda)
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
...cecília meireles...
Dizer palavra tão louca:
bateu-me o vento na boca
e depois no teu ouvido.
Levou somente a palavra,
deixou ficar o sentido.
O sentido está guardado
no rosto com que me miro,
neste perdido suspiro
que te segue alucinado,
no meu sorriso suspenso
como um beijo malogrado.
Nunca ninguém viu ninguém
que o amor pusesse tão triste.
Essa tristeza não viste,
e eu sei que ela se vê bem...
Só se aquele mesmo vento
fechou teus olhos, também..." (Cecília Meireles)
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
não há vagas...
O preço do feijão não cabe no poema.
O preço do arroz não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás, a luz, o telefone
A sonegação do leite, da carne, do açúcar, do pão.
O funcionário público não cabe no poema
Com seu salário de fome
Sua vida fechada em arquivos.
Como não cabe no poema
O operário, que esmerila seu dia de aço
E carvão nas oficinas escuras.
- porque o poema, senhores,
Está fechado: “não há vagas”
Só cabe no poema
O homem sem estômago
A mulher de nuvens
A fruta sem preço.
O poema, senhores,
Não fede nem cheira.
(Ferreira Gullar)
silêncio das janelas...
mel com cicuta...
Beijaram-se em silêncio.
Um beijo ausente e perdido
num passado muito vivido.
Falar dói.
Descobriu ela quase que ingenuamente.
Deixou-se levar no vazio
como uma borboleta perdida
no umbigo da ventania.
O brilho no toque morria aos poucos,
arrepiando cada centímetro
do sorriso afogado
nas palavras presas na garganta.
Escreveu.
Estava certa,
silêncios de veludo matam suavemente
como mel com cicuta.
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
de repente... ainda...de repente...
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Vinícius de Morais
de repente...
terça-feira, 19 de agosto de 2008
palavrum...
Para falar de amor, um poema.
Para o ódio, estratagemas.
Para o caos, leis.
Para caçar raposas, reis.
Para aprender, cartilha.
Para o incompreensível, Deus.
Para o pão, partilha.
Para você, eu.
Palavras
Em cada batalha
Que o homem trava.
Algaravia.
Para que a vida a pena valha,
Só peço uma que não se descubra vazia.
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Caymmi
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
julgamento...
pensar...de Quintana...kkkkkkkkkkkk
“Há os que pensam olhando as unhas.
Os que pensam olhando para cima.
Os que pensam segurando o queixo.
Os que pensam puxando a orelha.
Conclusões baratas:
os primeiros não devem estar lá com a consciência muito limpa,
os segundos querem fugir da consciência,
os terceiros não podem com o peso da consciência,
e os últimos, os que puxam a orelha, o próprio enunciado já diz tudo.”
Mário Quintana.