sábado, 21 de março de 2009

quarta-feira, 11 de março de 2009

quinta-feira, 5 de março de 2009

cultura...

Definir cultura não é uma tarefa simples. Várias noções têm perpassado os tempos e, ainda hoje, podemos dizer que o termo cultura encontra-se num processo de ajuste constante de sua definição.

Um dos seus significados originais aponta para "cultivo agrícola", referindo-se ao que cresce naturalmente. Inicialmente, a cultura estava associada a algo que era material e, a partir de um desdobramento histórico (a passagem da civilização de uma vida rural para a vida concentrada em centros urbanos), o termo assumiu sentido no âmbito intelectual.

Da raiz latina colere, cultura pode significar desde cultivar e habitar a adorar e proteger, levando ao termo "culto", utilizado no sentido religioso. Assim, a cultura estende-se para o domínio das artes sagradas, além de significar as tradições de um povo, a serem protegidas e veneradas.

Assim, ao se aproximar da definição que nos interessa neste artigo, o termo se afasta do seu sentido original. A cultura, agora marcada pela sua identidade com o espaço urbano, dota aqueles que aí vivem de certos atributos: ser culto significa compreender regras que determinam um refinamento presente nas relações sociais. Isto aparece em oposição ao campo, que seria um espaço de não-cultura.
...

Em princípios do século 20, a noção de cultura vai tomando contornos de pluralidade: fala-se nas culturas de diferentes nações e períodos, bem como de diferentes culturas dentro de uma mesma nação, em um mesmo período.

Há um progressivo despontar da cultura como um conjunto de elementos caracterizadores de grupos específicos enquanto "políticas de identidade", incluindo os movimentos de minorias.

No entanto, quando o conceito de cultura vê-se pluralizado, torna-se difícil manter seu caráter positivo; ao falarmos em pluralidade cultural, assumimos que podemos nos referir à "cultura da máfia" ou à "cultura dos serial killers" enquanto grupos detentores de uma identidade coesa. Porém, a aceitação destas formas de cultura está comprometida, pois se incompatibiliza com os valores da sociedade vigente.

Por outro lado, este alargamento da noção de cultura permite contribuições importantes, uma vez que ela passa a ser entendida enquanto um todo de manifestações compartilhadas nos diferentes domínios de um grupo (artístico, lingüístico, econômico, social, etc.). E, tal como o foi em outros períodos, a noção de cultura segue seu percurso, sendo redefinida de acordo com as ênfases econômicas, políticas e ideológicas particulares a um momento histórico.

Por fim, a definição de cultura conhece em nossos dias uma amplitude de seu significado. Falamos em cultura de massas e cultura de minorias; compreendemos que não há culturas melhores que outras, mas sim uma diversidade delas; e podemos identificá-la ainda como um complexo conjunto de valores e práticas que os indivíduos constroem e mantém como identidade de um dado grupo.


Lílian Campos



troca de lâmpada...



Depende do tipo de pessoa:

Tias?
Duas: Uma chama o electricista e a outra prepara as bebidas.

Psicólogos?
Apenas um, mas a lâmpada PRECISA DE QUERER ser mudada.

Loiras?
Cinco: Uma para segurar a lâmpada e outras quatro para girarem a cadeira.

Consultores?
Dois... Um abandona sempre o trabalho a meio do projecto.

Bêbados?
Um, só para segurar a lâmpada, enquanto o tecto vai rodando.

Informáticos?
Mudar para quê? Não há qualquer problema com a lâmpada velha, porque nos testes aqui no escritório ela funcionava bem.

Activistas gays?
Nenhum. A lâmpada não precisa de mudar para ser aceite pela sociedade.

Cantores Românticos?
Dois: Um muda a lâmpada e o outro escreve uma canção sobre os bons tempos da lâmpada antiga...

Machões?
Nenhum: Macho não tem medo do escuro.

Americanos?
Só um: Ele segura a lâmpada e o mundo gira ao seu redor.

Mulher?
Só ela! Sózinha!! Porque ninguém, dentro desta casa sabe mudar uma lâmpada! São um bando de IMPRESTÁVEIS!!! Eles nem percebem que a lâmpada se queimou! Eles podem ficar em casa no escuro durante três dias antes de perceberem que a porcaria da lâmpada se queimou! E quando notarem, vão passar mais cinco dias à espera que EU a mude, porque acham que eu sou ESCRAVA deles!!! E quando eles perceberem que eu não vou mudar a lâmpada, eles ainda vão ficar mais dois dias no escuro porque não sabem que as lâmpadas novas estão na porcaria da despensa! E se, por algum milagre, eles encontrarem as lâmpadas novas, vão arrastar o sofá da sala até ao lugar onde está a lâmpada queimada e vão riscar o chão todo, porque são INCAPAZES de saber onde está guardado o escadote! É inútil esperar que eles mudem a lâmpada, então sou eu mesma quem vai mudá-la! E como eu sou uma mulher independente, vou lá e mudo!... E SAIAM DA MINHA FRENTE!!!

como louça...como água...

“Não, não ofereço perigo algum:
sou quieta como folha de outono esquecida entre as páginas de um livro,
sou definida e clara como o jarro com a bacia de ágata no canto do quarto -
se tomada com cuidado, verto água límpida sobre as mãos para que se possa refrescar o rosto mas, se tocada por dedos bruscos num segundo me estilhaço em cacos,
me esfarelo em poeira dourada."
(Caio Fernando de Abreu)

quarta-feira, 4 de março de 2009

ler é questão de largura...

AA BERTOLD BRECHT


Ler é questão de largura
a capacidade de enfiar milhares
de pequenas contas num único fio
O entendimento rompe-o
milhares inesperadas contas
rolam em liberdade


Pensam que o saber
é tirar contas dentre milhares
de um vidro e enfiá-las
num fio de pequenos colares
Prefere-se sabe-las rolando
ao chão


Ler é questão de largura
a capacidade de enfiar
milhares de pequenas contas
num fio imaginário
de pequenos colares
O entendimento rolando
solto em liberdade dentro
de um vidro vazio


Pensam que o saber
é tirar contas dentre milhares
de um fio imaginário
e enfiá-las num vidro
Rompendo pequenos colares
o chão rolando
sob o entendimento vazio


(poema de Elson Fróes, do livro Poemas diversos, 2008, Lumme Editor)

terça-feira, 3 de março de 2009

qual areia de ampulheta...

"Penso...

Será que foi ontem,

será hoje o dia, foi há algumas horas

ou nunca aconteceu?

Será futuro, será pretérito,

imperfeito como eu,

ou nunca será, como nunca fui eu?

Bastará olhar para a frente

ou estrá escondido lá atrás

numa parte qualquer de ontem

ou numa surpresa amanhã?

Tudo uma mera questão de relatividade,

pois tudo isso, quem sabe seja,

um punhado de nada

que se esvai por entre os dedos

qual areia de ampulheta

acumulando tempos

que nunca irão existir. "

(Nelson Natalino)

se há flor, haja amor, seja vida...

"Há cores tão secretas, definidas

E dores inefáveis, tão sofridas

Carícias e promessas, descabidas

Pudores e palavras tão perdidas

Se cabe, não se sabe, das feridas

Se há morte, gente há, desvalida

Se há norte, não se pode, dar guarida

Se há flor, haja amor,

Seja vida."

(Nelson Natalino)