segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Cecília...

Ando a procura de espaço

Para o desenho da vida.

Em números me embaraço

E perco sempre a medida

Se penso encontrar saída,

Em vez de abrir um compasso,

Protejo-me num abraço

E gero uma despedida.

Se volto sobre o meu passo.

É já distância perdida.

Meu coração, coisa de aço,

Começa a achar um cansaço

Esta procura de espaço

Para o desenho da vida.

Já por exausta e descrida

Não me animo a um breve traço:

__saudosa do que não faço,

__do que faço, arrependida.

(Cecília Meireles)

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