quinta-feira, 1 de maio de 2008

...a chave...


No quarto, entre quatro paredes, duas interrogações vivas,
 ao som de lágrimas e soluços, com a suavidade dos suspiros
 e batidas de gotas de chuva na janela.
 Brotaram dos meus olhos e morreram em meus
 lábios lágrimas. 
Dentro daquele quarto, paralisada, eu montava um 
redemoinho com os medos, as dúvidas, os fantasmas,
 as tristezas e seus exageros, o desejo de fuga, o amor 
e seus acréscimos e a velha sensação de impotência.
 Tudo e um pouco mais me surrava, deixando-me no 
chão, encolhida, feito criança pequena fazendo birra,
 reproduzindo palavras: “Eu não quero que você vá embora.
 Eu não me decidi. Sou sempre incertezas. Preciso de você.”
Entre os dedos travados, a chave da porta e a raiva de ser fraca. 
Nada teve solução, porque não existiam tempo
 e coragem suficientes.
 Entreguei a chave e implorei um abraço; tudo sem espaço.
 Perdi-o de vista na esquina molhada pela chuva, no aclive.
 Perdi-me. 
Ruborizada, voltei para o quarto.
 Um banho quente, um tanto de perfume e pintura na face,
 para que eu pudesse entender o que não acontecera e
 sofrer com o resultado de todos os meus erros.
 Deito-me na cama ouvindo Cazuza gritando: 
“O nosso amor a gente inventa pra se distrair (...)” 

(Rose – Zanza)

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