No quarto, entre quatro paredes, duas interrogações vivas,
ao som de lágrimas e soluços, com a suavidade dos suspiros
e batidas de gotas de chuva na janela.
Brotaram dos meus olhos e morreram em meus
lábios lágrimas.
Dentro daquele quarto, paralisada, eu montava um
redemoinho com os medos, as dúvidas, os fantasmas,
as tristezas e seus exageros, o desejo de fuga, o amor
e seus acréscimos e a velha sensação de impotência.
Tudo e um pouco mais me surrava, deixando-me no
chão, encolhida, feito criança pequena fazendo birra,
reproduzindo palavras: “Eu não quero que você vá embora.
Eu não me decidi. Sou sempre incertezas. Preciso de você.”
Entre os dedos travados, a chave da porta e a raiva de ser fraca.
Nada teve solução, porque não existiam tempo
e coragem suficientes.
Entreguei a chave e implorei um abraço; tudo sem espaço.
Perdi-o de vista na esquina molhada pela chuva, no aclive.
Perdi-me.
Ruborizada, voltei para o quarto.
Um banho quente, um tanto de perfume e pintura na face,
para que eu pudesse entender o que não acontecera e
sofrer com o resultado de todos os meus erros.
Deito-me na cama ouvindo Cazuza gritando:
“O nosso amor a gente inventa pra se distrair (...)”
(Rose – Zanza)
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